Declarações controversas do ministro da Economia, Paulo Guedes, nas últimas semanas acabaram gerando um efeito inesperado: ajudaram a destravar a reforma administrativa.
Guedes foi alvo de fortes críticas após comparar servidores públicos a parasitas e dizer que na época do dólar fraco até empregadas domésticas viajam para Disney. Essa reação fez o presidente Jair Bolsonaro a ampliar o apoio a Guedes e sua agenda de reformas, segundo três integrantes do governo que não estão autorizados a falar publicamente sobre o assunto.
Para mostrar apoio a Guedes, Bolsonaro veio a público na terça-feira para dizer que o ministro não pediu para sair do governo e que continuará no cargo até o fim de seu mandato. Horas depois, o presidente se reuniu com Guedes para bater o martelo sobre o envio da reforma administrativa ao Congresso.
O texto que altera as regras de contratação e de remuneração dos servidores públicos estava tecnicamente pronto. Na reunião de terça-feira, recebeu o apoio político que faltava ao projeto, segundo um integrante da equipe econômica.
O Ministério da Economia não quis comentar. O Palácio do Planalto não respondeu imediatamente o pedido de comentário.
?Por ora, segue o casamento, como gosta de dizer o presidente Bolsonaro?, diz a equipe da XP Política, em nota. ?Bolsonaro e Guedes nunca esconderam que se juntaram mais por conveniência do que por amor. E por isso, o casamento permanece enquanto for conveniente para os dois.?
Guedes e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, sempre foram grandes defensores da reforma, voltada a reestruturar as carreiras do funcionalismo público, que consome 14% do PIB com servidores ativos e inativos. O pagamento de pessoal e encargos sociais representa quase 25% das despesas obrigatórias do governo federal, segundo o Ministério da Economia.
Fonte: Exame