O presidente Michel Temer, que nesta terça-feira (20) faz discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, disse em entrevista à agência norte-americana Bloomberg que o déficit fiscal (despesas maiores que receitas, sem contar os gastos com juros da dívida) no Brasil levará  "dois ou três anos" para ser eliminado. Na entrevista, Temer disse também que a situação econômica no país ainda é "muito difícil".

"Nós ainda teremos um pequeno déficit fiscal em 2018", afirmou Temer à agência. "Vai levar dois ou três anos para eliminá-lo", completou.

Para 2016, o governo conseguiu aprovar no Congresso uma meta de déficit fiscal de até R$ 170,5 bilhões que, se confirmado, será o pior resultado da série histórica, que tem início em 1997. Para o próximo ano, a proposta de orçamento do governo prevê que que os seus gastos irão superar a arrecadação com impostos, sem contar os juros da dívida pública, em até R$ 139 bilhões.

Temer afirmou que, diante da situação econômica pela qual passa o país, mesmo uma "pequena melhora" no ano que vem vai representar "um grande passo".

O presidente ressaltou que não pretende disputar as eleições em 2018, o que, segundo ele, lhe dá liberdade para tomar medidas necessárias, porém "aparentemente impopulares".

"Eu não tenho nenhuma ambição eleitoral para 2018, portanto, vou estar à vontade para enfrentar problemas aparentemente impopulares", disse Temer. "Agora que eu definitivamente tomei posse, estou tomando posições mais duras na economia e na política", observou o presidente.

Lava Jato

A entrevista abordou também a operação Lava Jato. A exemplo do que já disse em discursos e em entrevistas no Brasil, Temer afirmou que a operação deve continuar.

"A Lava Jato continuará até que atinja a sua conclusão e todos os crimes sejam descobertos", disse o presidente.

Discurso na Assembleia Geral

Seguindo a tradição, cabe ao presidente brasileiro fazer  discurso inaugural do encontro da ONU. A abertura da 71ª Assembleia-Geral está marcada para 10h desta terça-feira (20), no horário de Brasília.

O tema da assembleia da ONU neste ano é "objetivos do desenvolvimento sustentável". Além desse, Temer deverá abordar, em sua fala, o atual cenário econômico, o comércio exterior e a crise de refugiados. O processo de impeachment no Brasil não deverá ser abordado.