O Banco Central (BC) baixou de US$ 57,7 bilhões para US$ 41 bilhões a estimativa de déficit nas contas externas em 2020, segundo informa o relatório de inflação do primeiro trimestre, divulgado pela instituição nesta quinta-feira (26).
"Os principais fatores que influenciaram as revisões repercutem os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus (COVID-19), que deverão afetar significativamente o crescimento global, bem como a redução na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020, e as recentes mudanças no mercado internacional de petróleo", informou a instituição.
A conta de transações correntes é formada pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior). Trata-se de um dos principais indicadores do setor externo brasileiro.
De acordo com o Banco Central, porém, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira também serão afetados. A nova estimativa é de que a entrada desses recursos some US$ 60 bilhões em 2020, contra a previsão anterior de um ingresso de US$ 80 bilhões.
"As incertezas relacionadas aos impactos econômicos de COVID-19, ao enfraquecimento do comércio internacional e ao choque de preços do petróleo reduziram também as perspectivas de entradas líquidas de Investimentos Diretos no País (IDP)", explicou o Banco Central.
O BC também revisou, para baixo, sua previsão para o saldo positivo (exportações menos importações) da balança comercial em 2020.
Em dezembro, no relatório de inflação anterior, a previsão da instituição era de que o saldo comercial positivo somaria US$ 41 bilhões em 2020. No documento divulgado nesta quinta-feira, o valor estimado para o superávit da balança comercial recuou para US$ 33,5 bilhões neste ano (US$ 191 bilhões em exportações e US$ 157,5 bilhões em compras do exterior).
Em relação às vendas externas, explicou o BC, a forte queda nos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como petróleo e minério de ferro, entre outros) é o principal fator da revisão do saldo comercial em 2020, "acompanhada da redução nas exportações de produtos manufaturados (industrializados) devido ao ambiente externo mais desafiador".
O BC também previu redução no valor das importações, e explicou que as principais razões são a desvalorização do real frente ao dólar americano (alta da moeda norte-americana, que torna as compras do exterior mais caras) e o "menor crescimento da atividade doméstica". A lógica é que, ao crescer menos, a economia brasileira também demanda menos bens do exterior.