Após tombo recorde em abril, as vendas do comércio varejista cresceram 13,9% em maio, na comparação com o mês anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000.
Apesar do forte avanço, o resultado de maio foi insuficiente para o setor recuperar as perdas de março (-2,8%) e abril (-16,3%) em meio à pandemia de coronavírus, destacou o IBGE.
Na comparação com maio de 2019, o comércio varejista teve queda de 7,2%, evidenciando o nível ainda bem baixo da atividade do setor.
?Foi um crescimento grande percentualmente, mas temos que ver que a base de comparação foi muito baixa. Se observamos apenas o indicador mensal, temos um cenário de crescimento, mas ao olhar para os outros indicadores, como a comparação com o mesmo mês do ano anterior, vemos que o cenário é de queda?, afirma o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
No acumulado do ano, o varejo registra queda de 3,9%. Já nos últimos 12 meses, o cenário é de estagnação, com variação zero.
O resultado reforça a leitura de que o pior da crise pode já ter ficado para trás. Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial cresceu 7% em maio, após 2 meses de queda e de um tombo recorde em abril (-18,8%).
Levantamento a FGV mostrou que o Índice de Confiança do Comércio subiu 17 pontos em junho, passando de 67,4 pontos para 84,4 pontos, a segunda alta consecutiva após o tombo de abril, quando atingiu o menor nível histórico.
Apesar os sinais de reação da economia, economistas destacam que a recuperação das perdas com a pandemia de coronavírus deverá se dar de maneira muito gradual em meio a um cenário ainda repleto de incertezas, elevado desemprego e risco de novas quarentenas.
O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o Brasil entrou em recessão já no 1º trimestre, sem ter recuperado todas as perdas da recessão de 2014-2016.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de retração de 6,50% para a economia brasileira este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração de 1,5% na economia brasileira.
Fonte: G1